quinta-feira, 5 de maio de 2011

Minha Mãe, minha eterna saudade..



Sinto saudades do cheiro, da luz, das cores, do vento, dos pássaros, do barulho da água e das flores que  existiam no jardim da minha Mãe...
Nunca mais consegui olhar um jardim com o meu olhar de antes. Nada mais foi o mesmo. Nada será como foi...
 Sinto tristeza por ela não viver mais ente nós. Sinto morrer aos poucos a lembrança da dor dos ultimos dias antes de sua partida. Sinto o amor pulsar em minhas veias quando lembro dela cuidando de nós, nos ensinando dia após dia o significado do amor e  união. Sinto dor, tenho saudades, choro de tristeza e sorrio de alegria por que tido a sorte de tê-la como Mãe. Sinto revolta por sua partida tão prematura. Sinto tudo e nada faço por que não consigo fazer ... Tento todos os dias aceitar sua partida, mas, sua ausência é ainda muito presente... Passam-se dias e anos e aquela dor do meio dia não passa. Aquelas últimas horas foram intermináveis. Passaram-se 21 anos e não se passou nenhum minuto. Ela vem morrendo todos os dias e não morre nunca. Nunca morre. Somos sua continuação. Cópias do amor que nos criou e uniu.
Lembro-me quando engravidei e ela me disse que se sentia muito feliz por cada filho que nascia, como se fosse o primeiro, e foram sete... Que eu iria sentir e viver os melhores dias e emoções de minha vida... Que eu nunca mais estaria sozinha... Verdade cada palavra profetizada. Verdade que dediquei a ela o primeiro choro da minha filha. Verdade que senti ao pegar meu bebê em meus braços, o abraço da minha mãe, abençoando-me... Tudo é verdade... Desde então nunca mais me senti só. Estou sempre em companhia dos meus filhos, mesmo em suas ausências temporárias. Verdade  que aprendi a amar e lutar por eles como vi minha mãe fazendo por nós. Desejo esquecer a noite que velamos nossa orfandade e não consigo. Quero ser livre destes momentos ruins, mas o fantasma da doença nos persegue. Acredito que o  pacto com a dor
por nós em sua enfermidade nos protegeu até agora. Quero crer que seu sacrifício e generosidade nos livrou do mal que nos persegue. Nada faz sentido. Nada se justifica. Continua o vazio.
  Agradeço por você ter me ensinado a enxergar o mundo sem odio, com compaixão e generosidade. Por acreditar que vale a pena viver apesar de tudo a nossa volta dizer ao contrário. Cultivo a esperança de ver um dia a cura da sua dor aqui e dedicarei totalmente a sua pessoa.
A vida continua. Cada dia é mais um dia!
 Agradeço por todos os dias que tive e da forma como os vivi.
A você que me ensinou a usar o coração como instrumento de transformação eu dedico as minhas melhores e mais belas criações que fui capaz de realizar aqui na terra. Os meus filhos, os seus netos, Renata e Pedro Henrique.

Para todas as  Mães, com admiração e carinho
, um abraço apertado, demorado e maternal.

Clívia Bulhões